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Meu primeiro contato com o universo digital corresponde à um relógio sem ponteiros e nem complexas representações de números (como aquele 1 que também poderia valer 5 – minutos). Ele apenas indicava as horas sem rodeios com simples e claros dígitos. Fácil, prático e compreensível a qualquer cidadão, inclusive àqueles com 4 anos de idade. Esse relógio de pulso, estampado com a cara da Hello Kitty, foi o que me fez cair de amores pelo digital, mesmo que na época eu nem suspeitasse o que era analógico.

 

E honestamente, nem me dei ao trabalho de me preocupar com esse tal de analógico. Porque ouvir um CD era muito melhor que ficar trocando o disco de lado, um Tamagochi muito mais prático que um cachorro, mandar um email muito mais imediato que ficar esperando a carta chegar e as fotos instantâneas nem precisa especificar. A aparente única esperança para o analógico era mesmo sobreviver de romantismo e amor daqueles que resistem, ou da incapacidade daqueles que não sabiam gerenciar o digital.

Lomography Fisheye hit analógico

Mas eis que revolução feita e em pleno delírio virtual mundial me vejo um dia desses procurando por filmes fotográficos. A razão? Adquiri uma Lomography, câmera 100% analógica, contrariando, de certa forma, todo o universo digital ao meu redor. Tamanha foi minha surpresa ao descobrir que encontrar filmes fotográficos nem era tão difícil assim tinha, inclusive, opção de marca, quantidade de poses e asa e que a revelação era menos complexa ainda, com a possibilidade de já vir tudo digitalizado. A sensação de esperar o filme ser revelado, ter a surpresa de ver como ficaram as fotos e inclusive ver a cara dos amigos ao ver a câmera (‘o que é isso, é de brinquedo?’) foi tão boa que me convenceu que flertar novamente com o analógico tem sua magia.

O álbum Contra foi lançado também em LP

A ironia é que, apesar de todas as previsões tecnológicas terem extinguido qualquer espécie de analógico no triunfo digital, aparentemente não sou só eu que ando flertando com ele.  Pouco a pouco, consumir analógico não significa vintage e não é  mais preciso se embrenhar em mercado de pulgas ou em um brechó qualquer. Muitas bandas ‘atuais’ (a maioria indie, ou que já foi indie) ao lançarem um álbum oferecem o mesmo na versão LP. Sem falar na própria Lomography e sua vasta gama de câmeras fotográficas, todas analógicas. O modelo pode ser vintage, mas a produção é contemporânea, o produto é novo e a tecnologia… analógica. Nessa onda já tem até grupo saudosista requisitando o revival da VHS (que acho de duvidosa qualidade, mas). Minha pessoal esperança é que a Polaroid volte…

 

Oscilando entre digital e analógico, é possível viver em um mundo em que uma coisa não exclua a outra. Como prova tá aí, o relógio de ponteiros, que mesmo com toda a revolução nunca saiu de moda (e de uso).

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